Brasil-Peru: "encruzilhada" energética, logística e industrial na Amazônia
Rio, 2/mai/09
– Os acordos para incrementar as rel
ações comerciais e o aprofundamento da integração entre o Brasil e o Peru, celebrados dia 28 passado pelos presidentes Lula e Alan García em Rio Branco (AC), vão muito além das costumeiras manifestações de boas intenções entre países vizinhos. [1]
Para começar, a amplitude geoestratégica dessa aproximação bilateral pode ser avaliada a partir de um feito concreto, a inauguração de 600 km da chamada Rodovia do Pacífico – ou Carretera Interoceanica Sur, como é conhecida no Peru – que viabiliza a criação de um sistema multimodal de transporte, na Amazônia, ligando o Atlântico ao Pacífico.
A rodovia, com pouco mais de 1,000 km de extensão no lado peruano, tem sua conclusão prevista para 2010 e está sendo construída por um consórcio liderado pela empresa brasileira Odebrecht, contando ainda com recursos do BNDES.
O outro acordo importante foi na área da integração energética envolvendo a construção de seis hidrelétricas com investimentos previstos de US$ 4 bilhões e que, inicialmente, deverão abastecer o Brasil. A maior delas é a Central Hidrelétrica de Inambari (2.000 MW), na fronteira Brasil-Peru.
Para desenvolver esses projetos no setor de energia, que incluem também a construção de uma linha de transmissão de 600 MW interligando os sistemas elétricos dos dois países, foi assinado um memorando de intenções envolvendo as estatais Eletrobrás e Electroperu.
De fato, a construção de Inambari integrava a parte internacional do Complexo do rio Madeira (usinas de Santo Antônio e Jirau), que prevê também a implantação de um sistema hidroviário na região. Vale lembrar que o intercâmbio comercial Brasil-Peru saltou de US$ 724 milhões, em 2003, para US$ 3,3 bilhões em 2008 e que os investimentos brasileiros no Peru já chegam a mais de US$ 2 bilhões. Nas operações comerciais, os dois países ficaram de estudar medidas para adotar o real em substituição ao dólar, cujo uso, segundo García, é "absurdo" e "o mais anti-integracionist a que existe".
Quem talvez melhor contextualizou o alcance dessa aproximação foi o presidente Lula ao mencionar que, pela primeira vez em 500 anos, os dois países estão deixando "de se dar as costas": "O Peru sempre olhou para o Pacífico e nós, para o nosso litoral, e deixamos nossas fronteiras abandonadas por séculos e séculos. Esperamos que, a partir de agora, os peruanos e os brasileiros vivam outra relação e não olhem para o norte, mas para nós mesmos", disse Lula em Rio Branco.
Assim, não foi por acaso que o aparato ambientalista internacional, com o suporte ostensivo da USAID, tenha feito intensas campanhas para obstaculizar as construções da Rodovia do Pacífico e do Complexo do Rio Madeira e, particularmente, contra a rede hidroviária, com mais de 3 mil quilômetros, que será formada a partir da implantação de várias das usinas já mencionadas. Esse conjunto de empreendimentos estruturantes, ofertando amplo suprimento de energia e logística de transporte, propiciará o surgimento de pólos agroindustriais em pleno coração da Amazônia como, de resto, já se vislumbra em Porto Velho (RO) em decorrência da construção das hidrelétricas do rio Madeira.
[2]A formação dessa “encruzilhada” Atlântico-Pací fico encimada por um processo de industrializaçã o e ocupação territorial da Amazônia é algo que importantes membros do Establishment anglo-americano vêm, há tempos, tentando obstar.
Notas:
[1]Lula e García debatem projetos conjuntos de integração regional, EFE, 28/04/2009
[2]Memorando: USAID planeja a ocupação da Amazônia, Alerta Científico e Ambiental, 16/05/07
Fuente: NOTA para Grupo Carabaya de PhD. Rolando Paucar 13 de mayo. ARTICULO PUBLICADO EN ALERTA CIENTIFICA Y AMBIENTAL - PORTUGUES DEL 2 DE MAYO.
Rio, 2/mai/09
– Os acordos para incrementar as rel
ações comerciais e o aprofundamento da integração entre o Brasil e o Peru, celebrados dia 28 passado pelos presidentes Lula e Alan García em Rio Branco (AC), vão muito além das costumeiras manifestações de boas intenções entre países vizinhos. [1]Para começar, a amplitude geoestratégica dessa aproximação bilateral pode ser avaliada a partir de um feito concreto, a inauguração de 600 km da chamada Rodovia do Pacífico – ou Carretera Interoceanica Sur, como é conhecida no Peru – que viabiliza a criação de um sistema multimodal de transporte, na Amazônia, ligando o Atlântico ao Pacífico.
A rodovia, com pouco mais de 1,000 km de extensão no lado peruano, tem sua conclusão prevista para 2010 e está sendo construída por um consórcio liderado pela empresa brasileira Odebrecht, contando ainda com recursos do BNDES.
O outro acordo importante foi na área da integração energética envolvendo a construção de seis hidrelétricas com investimentos previstos de US$ 4 bilhões e que, inicialmente, deverão abastecer o Brasil. A maior delas é a Central Hidrelétrica de Inambari (2.000 MW), na fronteira Brasil-Peru.
Para desenvolver esses projetos no setor de energia, que incluem também a construção de uma linha de transmissão de 600 MW interligando os sistemas elétricos dos dois países, foi assinado um memorando de intenções envolvendo as estatais Eletrobrás e Electroperu.
De fato, a construção de Inambari integrava a parte internacional do Complexo do rio Madeira (usinas de Santo Antônio e Jirau), que prevê também a implantação de um sistema hidroviário na região. Vale lembrar que o intercâmbio comercial Brasil-Peru saltou de US$ 724 milhões, em 2003, para US$ 3,3 bilhões em 2008 e que os investimentos brasileiros no Peru já chegam a mais de US$ 2 bilhões. Nas operações comerciais, os dois países ficaram de estudar medidas para adotar o real em substituição ao dólar, cujo uso, segundo García, é "absurdo" e "o mais anti-integracionist a que existe".
Quem talvez melhor contextualizou o alcance dessa aproximação foi o presidente Lula ao mencionar que, pela primeira vez em 500 anos, os dois países estão deixando "de se dar as costas": "O Peru sempre olhou para o Pacífico e nós, para o nosso litoral, e deixamos nossas fronteiras abandonadas por séculos e séculos. Esperamos que, a partir de agora, os peruanos e os brasileiros vivam outra relação e não olhem para o norte, mas para nós mesmos", disse Lula em Rio Branco.
Assim, não foi por acaso que o aparato ambientalista internacional, com o suporte ostensivo da USAID, tenha feito intensas campanhas para obstaculizar as construções da Rodovia do Pacífico e do Complexo do Rio Madeira e, particularmente, contra a rede hidroviária, com mais de 3 mil quilômetros, que será formada a partir da implantação de várias das usinas já mencionadas. Esse conjunto de empreendimentos estruturantes, ofertando amplo suprimento de energia e logística de transporte, propiciará o surgimento de pólos agroindustriais em pleno coração da Amazônia como, de resto, já se vislumbra em Porto Velho (RO) em decorrência da construção das hidrelétricas do rio Madeira.
[2]A formação dessa “encruzilhada” Atlântico-Pací fico encimada por um processo de industrializaçã o e ocupação territorial da Amazônia é algo que importantes membros do Establishment anglo-americano vêm, há tempos, tentando obstar.
Notas:
[1]Lula e García debatem projetos conjuntos de integração regional, EFE, 28/04/2009
[2]Memorando: USAID planeja a ocupação da Amazônia, Alerta Científico e Ambiental, 16/05/07
Fuente: NOTA para Grupo Carabaya de PhD. Rolando Paucar 13 de mayo. ARTICULO PUBLICADO EN ALERTA CIENTIFICA Y AMBIENTAL - PORTUGUES DEL 2 DE MAYO.
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